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DÉFICIT DE ATENÇÃO EM CRIANÇAS E ADULTOS: MITO OU REALIDADE?

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

  • Esta doença existe mesmo?
  • Existe um quadro clínico chamado de TDAH ou são comportamentos normais da criança?
  • É TDAH ou é outra doença?

Existe muita confusão a respeito deste diagnóstico. Muitos especialistas dizem que não só o TDAH existe como é pouco diagnosticado, ou seja, que a maioria das pessoas que tem a doença não é diagnosticada e deixa de receber o tratamento. Outros profissionais alegam que as crianças estão sendo diagnosticadas em excesso sem que tenham realmente a doença e alguns, mais radicais, chegam a afirmar que TDAH é uma doença inventada pelos laboratórios para vender remédios.

TDAH É UMA DOENÇA?

Sim. Hoje não há mais dúvidas sobre isso. Os critérios diagnósticos e os prejuízos funcionais estão bem estabelecidos. Há evidentes alterações biológicas cerebrais, como em neurotransmissores, na microarquitetura e nos circuitos da substância branca cerebral, além da identificação de transmissão genética na maioria dos casos.

Então por que ainda há pessoas que dizem que a doença é inventada?

Por incrível que pareça, ainda nos dias atuais, existe muito preconceito em relação às doenças neuropsiquiátricas. Além disso, estes profissionais não entendem o aspecto “dimensional” das doenças psiquiátricas. Exatamente como a maioria das doenças que envolvem o comportamento, o TDAH é uma doença “dimensional”. Como exemplo, veja a linha abaixo em relação a forma como uma pessoa se relaciona com as outras (introversão x extroversão).

Entre as duas linhas vermelhas consideramos que a pessoa tem um comportamento social normal, embora algumas sejam mais introvertidas (tímidas) e outras mais extrovertidas. À medida que o comportamento do indivíduo vai indo para as extremidades, ele vai se tornando cada vez menos normal e mais patológico. O mesmo vale para qualquer comportamento, como irritação e calma, alegria e tristeza, medo e coragem.

O déficit de atenção e a hiperatividade são sintomas dimensionais, e a linha que separa o normal do patológico pode ser difícil de determinar em alguns casos, mas não na grande maioria. Portanto, por ser dimensional, algumas pessoas com desatenção podem ainda estar dentro da normalidade, mas o diagnóstico só é dado quando um conjunto de sintomas, prejuízos e sofrimento estiverem presentes e os sintomas não forem melhor explicados por outras causas.

O TDAH É DIAGNOSTICADO EM EXCESSO OU É POUCO DIAGNOSTICADO?

No meio científico médico se discute se o TDAH está sendo diagnosticado em excesso atualmente ou se estaria sendo subdiagnosticado, ou seja, se muitas crianças e adultos com o transtorno estariam deixando de ser diagnosticados e tratados.

A resposta é que ambas afirmações estão corretas.

Mas como um transtorno pode estar sendo diagnosticado em excesso e subdiagnosticado ao mesmo tempo?

Isto realmente ocorre, mas em situações diferentes. O TDAH é subdiagnosticado quando sabemos que sua prevalência é em torno de 5-6% das crianças em idade escolar. Ou seja, muitas crianças têm o transtorno, mas não são diagnosticadas.

Normalmente, apenas aquelas que perturbam a aula, são agressivas ou muito desafiantes ou apresentam problemas no aprendizado é que são encaminhadas para avaliação médica. Mas também pode haver excesso de diagnóstico como veremos abaixo.

É TDAH OU É OUTRA DOENÇA?

O TDAH é excessivamente diagnosticado quando crianças com qualquer outro problema são taxadas de portadoras de déficit de atenção e/ou de hiperatividade. E o que é pior, são tratadas como sendo portadoras destes distúrbios.

Sabe o que acontece? É que se “convencionou” dizer que qualquer criança que tem problemas na escola tem “déficit de atenção”. Se não se alfabetiza, se não aprende matemática, se é agressiva, se tem problemas de relacionamento, se se isola, se perturba a aula ou qualquer comportamento problemático é rotulado de déficit de atenção ou TDAH.

Professores, médicos e psicólogos não costumam saber que muitos outros transtornos podem se manifestar com estes sintomas, como os transtornos de linguagem, de conduta, os transtornos específicos do aprendizado, transtornos afetivos, transtornos de personalidade, déficit intelectual e autismo. Déficit de atenção e hiperatividade podem ser sintomas de diversos outros transtornos e não são exclusivos do TDAH.

EM ADULTOS:

Cerca de 50% das crianças que tem TDAH permanecem com sintomas significativos na vida adulta. Em adultos o TDAH é subdiagnosticado. Ainda permanece a ideia de que é uma doença de crianças. Mas não é. 2 a 3% das pessoas na idade adulta tem TDAH com sérias consequências na vida pessoal e profissional.

QUADRO CLÍNICO DO TDAH:

Os sintomas de TDAH podem se manifestar de forma muito diferente de acordo com a faixa etária. E como há dois grupos bem distintos de sintomas, em algumas pessoas predomina a HIPERATIVIDADE, em outras os sintomas de DESATENÇÃO e em outras os dois grupos de sintomas ocorrem conjuntamente. Além disso, a maioria das pessoas com TDAH apresenta comorbidades, ou seja, a presença de outras doenças neuropsiquiátricas que podem confundir o diagnóstico.

Crianças são mais facilmente detectadas porque os pais estão mais atentos ao seu desenvolvimento e professores nos anos iniciais ficam apenas com uma turma e podem comparar com os outros alunos.

Adolescentes e adultos deixam de receber o diagnóstico, mas são rotulados como desastrados, impulsivos, agitados, atrapalhados, desorganizados ou como aqueles que nunca terminam o que começam.

Abaixo exemplos de queixas comuns em adolescentes e adultos com TDAH:

  • ”Minha carga de atividades normalmente é excessiva e impraticável.”
  • ”Eu sinto que estou ‘voando’ quando as pessoas falam demais ou o assunto não me interessa.”
  • “Me sinto excessivamente estressado ou sobrecarregado por tarefas que deveriam ser relativamente fáceis de lidar.”
  • “Fico perdido quando tem muitas coisas para fazer.”
  • “Tenho dificuldade em definir prioridades, me organizar e iniciar suas tarefas.”
  • “Esqueço onde coloquei ou saio sem levar coisas como chaves, materiais importantes ou celular”
  • “Tenho dificuldade em ficar parado quando deveria”
  • “Faço ou digo coisas sem pensar e depois me arrependo”
  • “Me distraio facilmente”
  • “Minhas contas estão sempre atrasadas devido a minha desorganização”

TRATAMENTO:

É possível melhorar muito os sintomas de TDAH. Saber como lidar com os sintomas (terapia comportamental) e uso de medicações costumam ajudar bastante.

Os remédios mais utilizados são os estimulantes, como a Ritalina. O diagnóstico correto é essencial, pois, como muitas outras doenças podem se manifestar com sintomas de desatenção e hiperatividade, o uso de estimulantes pode ser prejudicial e mesmo agravar o quadro dessas outras patologias, como o transtorno bipolar, os quadros de ansiedade, os transtornos de personalidade borderline e esquizotípico e outras doenças neuropsiquiátricas que podem ser confundidas com TDAH.

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